Ex-morador de rua, brasileiro brilha pelo Azerbaijão no Mundial de Futsal

Vassoura comemorando um de seus gols na vitória sobre a Tailândia (Foto: Alex Caparros - FIFA/FIFA via Getty Images









Giro pelo Mundo - Futsal.

Ajerbaijão.

Pernambucano de Jaboatão dos Guararapes se destaca pelo Azerbaijão na Copa do Mundo de Futsal da Colômbia. Ele recorda dificuldades na infância e volta por cima


"O mundo dá voltas". Esse é um dos ditados mais clichês que existe, mas que sempre se encaixa na vida de alguém, como na de Williams Oliveira do Nascimento, mais conhecido por todos como Vassoura - apelido recebido ainda na infância por um corte "mal feito" pela avó dele, vindo a ser associado depois a habilidade do atleta nas quadras do bairro. Quem vê o brasileiro que se naturalizou no Azerbaijão e hoje brilhar na Copa do Mundo de Futsal, que acontece na Colômbia, não sabe as dificuldades que ele passou.
Sem nunca ter conhecido o pai, e longe da mãe - que morava em São Paulo e ele em Pernambuco - o menino de Jaboatão dos Guararapes, Região Metropolitana do Recife, viveu com a avó até um certo tempo. Depois resolveu sair de casa e a rua foi sua morada por quase uma década. 
Vivi na rua por oito anos. Dormindo nas praças, nos bancos da feira de Jaboatão dos Guararapes. Eu dormi muito no ginásio da cidade, pulava o muro para dormir lá e ficava esperando ouvir o barulho da bola para começar a jogar. Aquele tempo foi duro, difícil demais, mas graças a Deus eu consegui sair da rua sem nunca ter feito nada de errado, como usar drogas e bebidas.
Mal sabia ele o que lhe preparava no futuro. O garoto humilde, que respirava futebol e jogava todos os dias com os amigos de bairro, estava sendo treinado pelo destino para iniciar uma grande carreira no esporte. Através de um amigo do time da cidade, surgiu a oportunidade que mudaria sua vida difícil de uma vez por toda.
- Com 16 anos fui jogar no Santa Cruz, depois de disputar uma competição pela seleção de Jaboatão e Barão, que era pivô do time, me levou para o Santa Cruz. Lá eu jogava no campo e jogava no futsal, foi daí que praticamente eu sai da rua. 
Vassoura em ação pelo Azerbaijão na Copa do Mundo de Futsal (Foto: Alex Caparros - FIFA/FIFA via Getty Images)
As portas se abriram para Vassoura no Tricolor do Arruda - apesar de não ter atuado profissionalmente pelo clube. De lá, o Ala pivô foi para a Rússia, e rodou por parte da Europa em países como Espanha, Ucrânia, Georgia, Croácia, Letônia e chegou ao Azerbaijão, onde se firmou como jogador de futsal e recebeu por três vezes o convite para se naturalizar. 
- Há oito anos eu recebi o convite para jogar em um time do Azerbaijão e na seleção, mas eu não aceitei. Eu cheguei a ir, mas não me naturalizei, pois não gostei do local onde estava na época e acabei saindo de lá. Voltei ao país há dois anos para jogar em outro time da liga nacional e me encontrei com o presidente da federação, que me convidou novamente para me naturalizar, mas o valor oferecido por ele não me interessou e não aceitei mais uma vez. Então, neste ano, há dois meses, ele me convidou de novo, desta vez por o valor que eu havia pedido e enfim eu aceitei.
Além da paixão pelo futsal, Vassoura tem outro motivo para sorrir: o filho Erick, de 8 anos. O garoto é a inspiração do jogador, que tem o nome dele tatuado no braço e é sempre o alvo das comemorações dos gols do pernambucano.
- Os meus gols eu dedico primeiro a Deus, depois a ele (filho). Sempre beijo a tatuagem que tenho dele no meu braço. Não se pode esquecer dele nesse momento. 
Nos gramados, Vassoura teve uma rápida passagem pelo Náutico em 2014 (Foto: Daniel Gomes)
O Azerbaijão está nas quarta de final da Copa do Mundo de Futsal. A seleção de Vassoura vai enfrentar Portugal neste domingo, às 20h (horário de Brasília), mas sem o atleta, que cumprirá suspensão por ter recebido o segundo cartão amarelo. 
Além das quadras, Vassoura já atuou nos gramados também. Ele passou por várias equipes como Central, CSA-AL, Vera Cruz, Araripina, Itabaiana-SE, Campinense, Mogi Mirim e Náutico.
Por 
Fonte: Globo.esporte


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