Comercial de Serra Talhada o primeiro time do Sertão de Pernambuco, a disputar a elite do futebol pernambucano

Comercial de Serra Talhada na década de 70.
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Serra Talhada
Paulo César Gomes é professor e escritor
O Comercial Esporte Clube (CEC) foi fundado em 13 de março de 1973, em Serra Talhada, no mesmo período em que estava sendo construido o estádio municipal Nildo Pereira de Menezes, O Pereirão. O alvirubro (branco e vermelho) do sertão iniciou suas atividades esportiva como time amador, durante essa fase o ARCA, time mantido por alguns comerciantes da cidade, foi o seu grande rival. Somente em 1979 o clube passou a ser profissional.
Sua primeira grande competição foi o Torneio Início, o que corresponde a atual segunda divisão (Série A2) do estado, onde sagrou-se vice-campeão. A conquista garantiu ao clube o direito de disputar a Primeira Divisão do Campeonato Pernambucano do ano seguinte.
A estréia na “primeirona” foi marcada por uma grande surpresa, pois o Comercial conseguiu arrancar um empate contra o Náutico de 1×1 dentro dos Aflitos, a partida foi realizada no dia 7 de junho de 1980 e o gol sertanejo foi marcado pelo meio campista Gula. Segundo o ex-jogador esse foi um dos gols mais bonito de sua carreira. Nesse jogo o comercial jogou com a seguinte formação: Edson (goleiro), Jorge, Gilmar, Surrão, Douglas, Gula, Mimi, Toninho, Têles, Paulo Moura e Agnaldo, o técnico era Sostênes.
O certo é que existe uma foto em que o jogador aparece ao lado da madrinha e torcedora nº 1 do time do Comercial, Lia Lucas. Essa lacuna histórica impede que as novas gerações conheçam um pouco mais sobre a história do grande jogador brasileiro, mas principalmente, sobre a história da própria cidade, que lamentavelmente foi tratada por muitos anos com “desleixo” e sem o divido cuidado com a preservação da sua memória histórica.
Um forte abraço a todos e a todas e até a próxima!
O Comercial ainda disputou mais três temporadas na 2ª divisão, porém, em 1983 o clube fechou as portas para a tristeza de muitos desportistas da região do Pajeú. Infelizmente, o Comercial deixou de disputar o Campeonato Pernambucano de 1983 por questões política, já que com o termino do mandato do prefeito Hildo Pereira (já falecido), irmão do ex-prefeito Nildo Pereira, o sucessor não quis mais apoiar o clube. Outro fato lamentável que ocorreu nesse mesmo ano foi a morte de Egídio Tôrres de Carvalho, um dos maiores incentivadores do Comercial e do futebol amador de SerraTalhada.
OS PERSONAGENS FAMOSOS
O Comercial possui um história curta como time profissional, no entanto, ela é extremamente marcante e cheias de personagens importantes que acabaram sendo esquecidos pela história oficial. No entanto, alguns famosos que passaram pelo clube ainda são lembrados. Um desses famosos foi o jogador Fio Maravilha, o mesmo que o cantor Jorge Ben Jor homenageou com uma canção homônima, que vestiu a camisa do clube em dois amistosos durante uma rápida passagem de férias pela cidade. Outro grande nome do futebol a passar pelo time sertanejo foi o técnico Zequinha, que como jogador se destacou jogando no Santa Cruz e no Palmeiras, além de ter sido bi-campeão mundial com a Seleção brasileira no Chile, em 1962.
Um dos maiores fãs e admiradores do Comercial foi o multi artista Arnaud Rodrigues. Quando estava na cidade, artista era presença certa no estádio “O Pereira”, sua paixão foi tão intensa que ele acabou expressando esse sentimento na letra do hino que fez para o alvirubro.
GULA, O PEQUENO NOTÁVEL
Um dos grandes nomes do Comercial foi João Mariano da Silva, ou simplesmente, Gula, um baixinho de toque refinado, desfilou seu futebol pelos gramados de Pernambuco, Alagoas, Bahia e Ceará. Em mais de vinte anos de futebol só foi expulso uma vez, já no final da carreira quando jogou pelo Serrano no campeonato da Segunda Divisão em 1996, em uma partida contra o Porto em Caruaru. Segundo ele não houve maldade na jogada, mas “o juiz era caseiro” e preferiu prejudicar o time visitante.
Mesmo com uma longa história no futebol, Gula fala com orgulho da sua passagem pelo Comercial, time pelo qual começou como juvenil, e depois foi contratado como profissional. “Não existiu torcida mais animada do que a do comercial. Nenhuma torcida (Ferroviário, Serrano e Serra Talhada) conseguiu superar a do Comercial” desabafa o ex-jogador.

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