LEMBRANÇAS DO FUTEBOL BRASILEIRO - BARBOSA ( A HISTÓRIA DE UM GOLEIRO E SUAS TRAVES ) -IS

 
Por Ival Saldanha

Moacir Barbosa foi chamado de o goleiro maldito. Maldito porque descuidou da sua trave do gol feito por Alcides Chiggia, onde a bola passou entre as suas pernas e a trave, calando o Maracanã, deixando mudas mais de duzentas mil almas em 1950. Tinham comemorado antes da hora. O goleiro Barbosa foi a história do condenado eterno. Pelo resto da sua vida foi acusado de "ser esse homem". O título de um jornal do dia seguinte ao seu falecimento em 07 de abril de 2000, foi um dos melhores que já lí: "A segunda morte de Barbosa". Depois que abandonou o futebol, Barbosa foi funcionário do Maracanã, mas smpre evitava a todo custo pisar na grama do estádio que um dia caiu sobre seus ombros. Ele vez ou outra ainda triste dizia para alguns amigos mais íntimos que o pessoal sempre diz que somente o Frank Sinatra e o Papa calaram o Maracanã, mas eu calei também com o gol que eu levei. E quando nos finais dos anos 60, o Maracanã trocava as suas traves antigas que eram de madeira pelas de metal, as traves de madeira foram dadas ao Barbosa, que as cortou com um machado e as queimou para fazer um churrasco com os vizinhos no bairro de Ramos, na Leopoldina zona norte do Rio de Janeiro. Alguns pedaços das antigas traves ainda foram salvas do fogo do Barbosa e foram enviadas para o Museu da Casa da Cultura de Muzambinho, um município de Minas Gerais. Mas, nem mesmo esse exorcísmo conseguiu salvar o goleiro da Seleção Brasileira de 1950 (que na verdade era um bom goleiro), da maldição que o acompanhou pelo resto da sua vida.

Enviar um comentário

0 Comentários