A contusão de Erilson Gouveia na decisão de 1968

Foto: Erilson anos depois, em reportagem da Globo sobre 1968



Por Lenivaldo Aragão

No dia 21 de julho de 1968, na decisão do Campeonato Pernambucano, em que o Náutico derrotou o Sport por 1 x 0, fazendo o gol na prorrogação, com Ramos, e sagrando-se hexacampeão, o juiz que começou o jogo não terminou. Foi Erilson Gouveia, naquela época sargento da Aeronáutica e hoje advogado. Mal preparado, fisicamente, ele não aguentou o repuxo. Terminada a partida no seu tempo normal, ele entregou o apito ao colega de arbitragem e de arma Armindo Tavares, que era um dos bandeirinhas. Erilson se queixava de uma distensão muscular que o impedia de continuar correndo.

MANGUINHA MACHUCA O JUIZ 

Anos depois, noutro jogo do Náutico, o bandeira voltava a ser chamado para quebrar o galho numa final. Santa Cruz e Náutico decidiam o Estadual de 1984, no Arruda. No apito, o carioca Luís Carlos Félix, que estava em plena evidência.
O paraibano Abelardo Lucena, técnico em administração, que prestava serviços a uma firma de assessoria técnica de planejamento no ramo de engenharia, era considerado o melhor bandeirinha de Pernambuco. Era o segundo jogo da decisão, e como acontecera no encontro anterior, Abelardo estava em ação com seu instrumento de trabalho, como se diz.
O jogo seguia normalmente, quando, aos 20 minutos do segundo tempo, ao correr de cabeça baixa, com o corpo inclinado, para mostrar o cartão amarelo ao ponta-direita Gabriel, do Santa, o juiz levou casualmente uma cotovelada do meia Manguinha, do Náutico, que, de costas, procurava se virar.
No campo mesmo foi constatada fratura do malar esquerdo, com afundamento. Alguns minutos depois, enquanto o árbitro era conduzido de ambulância para um hospital, Abelardo, que portava a bandeira vermelha, assumia o comando da partida, em meio ao espanto geral. O quarto árbitro, naturalmente, tomava conta do posto que tinha sido de Abelardo.
Anteriormente, quando Luís Carlos Félix estava sendo atendido na margem do gramado, Abelardo torcia para que se recuperasse. “Pedi a Deus para que ele voltasse”, disse Abelardo Lucena, que se encontrava meio e enferrujado, posto que só tinha apitado ao longo do campeonato seis jogos intermediários. Naquela época o pessoal da arbitragem tanto apitava como bandeirava.
Se já estava nervoso, Abelardo quase se esparrama também, quando viu Luís Carlos Félix desmaiar. “Tem que ser comigo mesmo”, pensou e botou os jogadores para correr
De sua parte, estava entrando meio frio no jogo, daí o receio. Conseguiu levar a partida até o fim e foi até parabenizado por não ter amarelado.
O lado bom da história é que Abelardo ia receber 250 mil cruzeiros, como bandeirinha, mas passando a comandar a arbitragem teve a cota dobrada.




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