Na foto (E/D), Fernando, Zezé e Arthur Carvalheira (Reprodução) |
OS CARVALHEIRA
Por Lucídio José de Oliveira
A saga alvirrubra de contar em seu time de futebol com jogadores de uma mesma família começou com os Carvalheira. Tempos de amadorismo. O mesmo acontecia no vôlei e, sobretudo, no basquete. Na natação, também, é o que vamos assistir um pouco mais adiante. Mas minha praia é o futebol. Vamos desse modo ficar por aqui.
Na mesma época dos Carvalheira, naqueles distantes anos 30, outros grupos de irmãos se juntavam em campo para defender o Náutico. Osvaldo Salsa e Salsinha, titulares da zaga em tantos jogos, eram irmãos. Como eram irmãos Dide e Vavá Teles, do time reserva. Clélio, lateral-direito, tantas vezes compondo o trio final com Epaminondas e Osvaldo Salsa, era irmão de Sá Leitão, que seria o titular da mesma posição em 1945, campeão na temporada. O que não faltava naqueles idos era dupla de irmãos num mesmo time do Náutico.
O capitão do time campeão de 1934, o do primeiro título conquistado, chamava-se Edson Lima. Um centromédio clássico, de futebol sóbrio. Jogador referência da defesa alvirrubra. Em torno da figura elegante de Edson, rolava a bola na troca de passes a partir das jogadas da meia-cancha. Tudo começava ou passava pela cabeça e pelos pés de Edson.
Em 1939, já se aproximando o dia de pendurar as chuteiras, Edson retornou ao time na condição de zagueiro de área. Djalma, Edson e Célio, a barreira que o ataque do Santa Cruz teve que enfrentar na final do campeonato no campo da Jaqueira. E não teve como vencê-la! Náutico 1 x 0. O Timbu, campeão pela segunda vez.
Pois bem, Edson Lima fez escola. No clube. Em casa, deixou o exemplo. No time campeão de 1945, o do terceiro título da história do Náutico, dois irmãos de Edson eram vistos com a jaqueta alvirrubra no gramado dos Aflitos.
O meio-campista Edvaldo, médio-apoiador ou meia recuado como naquele tempo se dizia, carregava o Lima no sobrenome. Jogava no time de cima havia algum tempo, Hábil e talentoso, também sabia como fazer gol. Excelente nas bolas paradas, era o batedor oficial de pênalti do time. Jogava mais pela direita. Do outro lado do campo, um pouco mais recuado, na lateral esquerda, o irmão Evaldo. Não era titular como Edvaldo. O dono da posição era o experiente Amaro China, revelado pelo Great Western. Mais dedicação profissional, o futebol como única saída do momento. Evaldo, não. Estava seguindo a trilha traçada pelos irmãos. Era mais estudante que jogador de futebol, coisa comum naquele tempo.
Vale o registro: Edson acabou diplomado em Farmácia, Edvaldo se fez médico e Evaldo, seguindo os passos do mais velho, seria igualmente farmacêutico.
E, para fim de conversa, peço permissão para um depoimento de cunho pessoal. Como simples torcedor. Não vi jogar nenhum deles, mas tive o prazer de conhecê-los, mais que isso, tive a honra de trabalhar ao lado dos três. De Edson, de Edvaldo e de Evaldo, os irmãos Lima.
Quando em dezembro de 1954 cheguei como acadêmico concursado ao velho Pronto Socorro da Rua Fernandes Vieira, lá encontrei na chefia da farmácia do hospital o doutor Edson Lima. Elegante, atencioso e sobretudo querido de todos. Uma década depois, já feito médico do Interior, cheguei a participar em mais de uma ocasião de reuniões ao lado do colega Edvaldo Lima, ele na condição de representante da Regional de Garanhuns. E, por fim, o tempo caminhando a sua marcha, tive um dia o prazer de receber como servidor da saúde pública em minha cidade, a visita de um dos diretores do Laboratório Farmacêutico do Estado, para a implantação de um programa de distribuição de medicamentos através da rede hospitalar. E outro não era o ilustre visitante senão o dr. Evaldo Lima, o irmão mais moço de Edson e Edvaldo.
Guardem no coração e na lembrança os nomes: Edson, Edvaldo e Evaldo. Todos três de sobrenome Lima. Cada um deles com uma história para contar. Histórias de feitos gloriosos. Campeões alvirrubros no passado. O Náutico, como sempre, uma grande família.
Obs.: Lucídio é autor dos livros O Náutico, a Bola e as Lembranças e Paixão e Fidelidade.
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