AUTOMOBILISMO
Aos 25 anos, brasileiro começava extraordinária carreira na principal categoria do automobilismo com o modesto carro da Ensign; era o início de uma trajetória de 204 corridas
O dia 30 de julho de 1978 é um dos mais importantes da história do automobilismo brasileiro. Afinal, há exatos 43 anos, o primeiro e único Nelson Piquet Souto Maior fazia sua corrida de estreia na Fórmula 1, pela modesta equipe Ensign, no circuito alemão de Hockenheim.
Com 25 anos de idade e com um carro mediano, o jovem Nelson queria aproveitar a chance e adquirir quilometragem. Agradou ao chefe Morris Nunn desde os treinos e fez o que dava na corrida: permaneceu na pista e ganhou posições até o motor quebrar na 32ª de 45 voltas. Uma boa experiência, que o credenciou a voos mais altos e à consagração mundial.
Com um domínio absoluto no Inglês de Fórmula 3, onde diga-se de passagem terminaria o ano quebrando o recorde de vitórias de Jackie Stewart numa só temporada, Nelson Piquet já tinha sido sondado pela equpe BS Fabrications, que, no entanto, só teria vaga mais tarde na temporada.
Diante disso, Piquet aceitou o convite de Morris Nunn para pilotar o carro número 22 da Ensign em Hockenheim. A Ensign, é bom que se diga, tratava-se de uma equipe que revezava seus pilotos durante a temporada e, após um boa campanha no ano anterior com o modelo N177, não construiu um novo carro para 1978 e vinha tendo resultados ruins
De qualquer forma, era uma experiência nova para Nelson. Nos treinos classificatórios, Piquet conseguiu a 21ª colocação entre 24 carros no grid, superando o companheiro de equipe, o bigodudo alemão Harald Ertl, dono de 24 grandes prêmios no currículo, em 0s1. Na outra ponta do grid estavam as praticamente imbatíveis Lotus de Mario Andretti, o pole position, e Ronnie Peterson, o segundo no grid.
Largada do GP da Alemanha
Andretti manteve a liderança após a largada, mas foi ultrapassado por Peterson ainda na primeira volta, enquanto eram seguidos por Niki Lauda (Brabham), Alan Jones (Williams), John Watson (Brabham) e James Hunt (McLaren). Piquet ganhou duas posições na primeira volta. Na primeira metade da corrida, as principais mudanças foram a ultrapassagem de Andretti sobre Peterson, os problemas com Lauda e Watson e o abandono de Hunt.
Enquanto isso, Piquet ia gradativamente subindo na classificação, graças às quebras dos que estavam à sua frente. Como o motor não rendia bem no veloz circuito alemão, não restou outra alternativa a Piquet a não ser poupar o carro e estabelecer seu ritmo sem preocupações para pelo menos tentar completar sua corrida de estreia.
Na 32ª volta, quando Nelson ocupava uma honesta 12ª posição com 16 carros na pista, o motor parou de vez na saída da antiga curva Ostkurve, no meio da floresta. Naquele momento, Piquet estava atrás do mexicano Hector Rebaque, que, com outras quebras nas 13 voltas finais, acabou marcando um pontinho com o sexto lugar. Ou seja, caso tivesse seguido até o fim, Piquet poderia ter completado a prova bem perto da zona de pontuação.
Enquanto isso, lá na frente, a dobradinha da Lotus foi desfeita quando o motor de Ronnie Peterson quebrou. Isso só deixou Andretti mais tranquilo na ponta, embora, por contrato, Peterson já não pudesse atacá-lo. Jody Scheckter e Jacques Laffite estavam muito longe e, de fato, o americano cruzou a linha de chegada para ganhar pela quinta vez no ano com 15 segundos de frente para o sul-africano, com o francês 35 segundos atrás do vencedor. Na estreia de Piquet, quem brilhou foi Emerson Fittipaldi, com um excelente quarto lugar com a Copersucar F5A, a oito segundos de Laffite.
Com a vitória, Andretti chegou a 54 pontos contra 36 de Peterson e, faltando cinco corridas para o fim da temporada, já tinha o título na mão. Com a trágica perda de Ronnie Peterson no GP da Itália, o único campeonato mundial do americano foi sacramentado.
Quanto a Piquet, a boa impressão deixada durante os treinos e a corrida em Hockenheim só reforçou o convite da BS Fabrications para as corridas seguintes, na Áustria, Holanda e Itália. Mesmo sem ter marcado pontos, o brasileiro chamou a atenção de ninguém menos do que Bernie Ecclestone para guiar um terceiro carro da Brabham na última prova do ano, no Canadá".
Mas essa é outra história...
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