NO PÉ DA CONVERSA-Lenivaldo Aragão



Por Lenivaldo Aragão

SEM CHORAMINGAR
Mais uma Copa do Mundo passou para nós brasileiros. É lógico que lamentamos profundamente a eliminação nas quartas de final, num momento em que a presença nas semifinais parecia concretizada. Como milhões de compatriotas, continuo engurujado pela debacle no Catar. Entrou a amarelinha em campo, a equipe principal ou alguma das subs, torço ardorosamente. Todavia, não sou de ficar choramingando, para usar uma expressão do ex-presidente do Vasco Eurico Miranda. Por falar nisso, Zé do Carmo, ex-capitão vascaíno, provocou muitas gargalhadas na Festa do Boleiro, contando alguns episódios tendo aquele cartola, já falecido, como protagonista.
GENTE CIVILIZADA
Foi esta a impressão que deixaram as pessoas que aplaudiram o técnico Tite em sua chegada ao Rio de Janeiro após a desclassificação do Brasil. Vale salientar que há bastante tempo, ele tinha anunciado que, com qualquer resultado, não continuaria na Seleção.
LÁGRIMAS SINCERAS
Partidas decisivas, principalmente no Mundial provocam situações paradoxais. De um lado, o riso pela vitória, de outro, a desolação pela derrota. Só para citar dois personagens importantes desta Copa, as lágrimas de Neymar e Cristiano Ronaldo saídas do fundo do coração denotaram a face amarga da moeda. O brasileiro ainda fala na possibilidade de participar da Copa de 2026 a ser realizada triplamente nos Estados Unidos, México e Canadá, com aproximadamente 50 participantes. Nosso craque maior estará com 34 anos. Quem sabe? Já o grande ídolo português, atualmente com 37, certamente não chegará a tanto.
LEMBRANDO OTO GLÓRIA
Sempre que se analisar a presença de Portugal em Copas do Mundo, há de se mencionar que a melhor colocação do futebol luso foi o terceiro lugar obtido em 1966, na Inglaterra. O técnico da seleção das cinco quinas era o brasileiro Oto Glória.
JOÃO SEM MEDO
Nos meus mais de 60 anos de atividade profissional, convivi com João Saldanha, ora como técnico, ora como jornalista. Já naquela época ele previa a futura projeção do futebol africano. “Eles têm todo o manejo no corpo que falta ao europeu”, afirmava João Sem Medo, lembrando que não era coisa a ser alcançada da noite para o dia. Tratava-se de uma questão de tempo. Nesta Copa, pela primeira vez um país africano chegou às semifinais, o que era impensável até poucos dias. A seleção de Marrocos representa os milhões de africanos espalhados pelo seu continente e vivendo no resto do planeta, inclusive na França, a adversária dos marroquinos.
BRASIL X EUROPA
O jogador brasileiro ganha do europeu individualmente, isso é incontestável, mas perde na parte coletiva. E isso precisa ser corrigido. A opinião é do empresário de futebol Nivaldo Gomes, ex-lateral esquerdo do Sport, Cruzeiro e Benfica, além de outros. Ele, que está sempre em contato com o outro lado do Atlântico, acha que cada vez mais os europeus procuram formar um ciclo cada fechado. “Não existe mais data para Argentina e Brasil realizarem amistosos com qualquer país de expressão. Há sempre competições envolvendo clubes ou seleções”, afirma Nivaldo, do alto de sua vivência no mundo da bola.
ARGENTINO DESDE CRIANCINHA
Vez por outra mantenho, via internet, contato com Jorginho, filho do técnico argentino Jorge Dante Bianchi, que fixou residência no Recife após passar pelo Rio de Janeiro e pela Bahia. Jorginho tentou o campo, mas onde brilhou mesmo foi no futsal. Há muitos anos vive em Natal, para onde levou seus pais, Bianchi e dona Manoela, também argentina. Ambos estão sepultados na chamada “capital espacial do Brasil.” Jorginho, pode-se dizer virou um “papa jerimum”. Com o Brasil fora do páreo, neste resto de Copa do Mundo, ele é argentino desde criancinha, o que é verdade, pois tem a dupla nacionalidade.




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