Segundo Evandro Carvalho, CBF não tem 'liquidez" para bancar um novo socorro aos clubes. Entidade somou receita de R$ 957 milhões em 2019
No início de abril, CBF auxiliou financeiramente clubes das séries B, C e D (Foto: Lucas Figueiredo/CBF) |
No início de abril, quando a paralisação do futebol brasileiro por conta da pandemia da Covid-19 chegava a sua quarta semana, a CBF liberou recursos para ajudar financeiramente os clubes das Séries B, C e D, atendendo assim, em Pernambuco, Náutico, Santa Cruz, Afogados, Central e Salgueiro. Pouco mais de um mês depois, e sem qualquer perspectiva de retorno das competições, os clubes voltaram a procurar a entidade máxima do futebol nacional para um novo socorro. Porém, dessa vez, a tendência é que fiquem com as mãos e os bolsos vazios.
Em entrevista ao Diario de Pernambuco, o presidente da Federação Pernambucana de Futebol, Evandro Carvalho, que vem tendo constantemente contato com a cúpula da CBF, indicou que a confederação não deverá atender à solicitação aos clubes por “não ter essa liquidez toda”. Segundo balanço da própria CBF, a entidade registrou no ano passado uma receita de R$ 957 milhões. Um aumento de 43,3% em relação a 2018.
”Em princípio não há essa perspectiva (de um novo socorro financeiro). Na verdade, a CBF fez uma ajuda, adiantando algumas receitas que os clubes não iam ter. Mas acho que agora não será mais possível”, destacou Evandro.
“Primeiro porque a CBF não tem essa liquidez. O dinheiro que a CBF tem é o que ela vai gastar até o final do ano para fazer suas competições, como as Séries A, B, C, D, campeonatos femininos e de base. Se fala muito do lucro que a CBF tem, mas ela tem o seu custo de operação do ano. Não vejo de onde pode sair esse dinheiro (para ajudar os clubes)”, justificou o cartola pernambucano.
Na ajuda feita em abril, a CBF liberou, a fundo perdido, R$ 200 mil para cada um dos 20 clubes da Série C (um investimento total de R$ 4 milhões) e outros R$ 120 mil para cada um dos 64 clubes da Série D (R$ 8.160.000), além de outros R$ 120 mil para cada federação estadual. Para os clubes da Série B, foi feita a antecipação de R$ 600 mil referentes a parte da cota de televisionamento.
Dessa vez, uma dos alvos dos clubes era o recurso proveniente do Fundo de Legado da Copa de 2014, que de acordo com o próprio balanço financeiro da CBF, foi responsável pela elevação dos lucros da entidade em 2019, ao lado dos direitos de transmissão e patrocínios. Porém, segundo Evandro Carvalho, o dinheiro do fundo não poderá ser utilizado para socorrer os clubes durante a pandemia.
“Os clubes da Série B pediram para avaliar o dinheiro do legado da Copa, mas parte desse dinheiro já foi gasto e a outra metade já tem uma destinação específica. A Fifa não autorizou dar esse recurso para clubes”, explicou Evandro.
“A CBF não pode pegar um dinheiro que não é dela e dar para os clubes. Seria preciso uma autorização da Fifa. Parte desse dinheiro já tem destinação certa, com projetos aprovados. O dinheiro desse legado é para fins específicos, que são as construções de complexos em estados onde não foram construídas arenas. São os chamados investimentos de base da Fifa. O estado do Pará, por exemplo, fez (o Centro Esportivo da Juventude, em Belém, orçado em R$ 2 milhões e construído em parceria com o governo estadual). O saldo desse fundo já está alocado. Como a CBF vai tirar esse dinheiro, que não é dela, e dar para um clube?”, questionou.
Sem ajuda local
Evandro também reforçou que, assim como no âmbito nacional, a Federação Pernambucana de Futebol também não poderá mais ajudar financeiramente os clubes. Com os R$ 120 mil recebidos da CBF em abril, a FPF conseguiu fazer um repasse de R$ 10 mil a cada um dos clubes da Série A1 do Estadual.
Em seguida, também depositou mais R$ 10 mil na conta dos clubes que estão fora das competições nacionais em 2020: Acadêmica Vitória, Retrô, Decisão e Petrolina e ainda ajudou por duas vezes os árbitros que não fazem parte do quadro nacional.
“A federação não tem mais um tostão. Quando tivermos que voltar aos treinamentos e testar os jogadores, a federação vai ter que se endividar para comprar esses testes. A federação já está com um passivo de R$ 10 milhões”, afirmou Evandro.
Fonte: Super Esportes
0 Comentários