![]() |
Foto: Fernanda Acioly |
As raízes da volante Ially Dayane são do futebol de várzea. Desde a infância, ela levanta a poeira dos campos de terra batida. Natural de Itaquitinga, Zona da Mata Norte de Pernambuco, a garota se mudou para Jaboatão dos Guararapes quando tinha só três anos de idade. Até hoje, mora no bairro de Santo Aleixo, onde começou jogando bola no meio dos meninos, entre eles seus primos. Antes disso, ainda criança, teve experiências de assistir jogos de várzea com os pais e familiares, que nunca deixaram de apoiá-la. E o incentivo de casa permanece. Atualmente com 20 anos, a atleta profissional realiza o sonho de vestir a camisa do seu time de coração, o Sport. Ela chegou à Ilha do Retiro no início de 2019. De lá pra cá, disputou o Brasileiro da Série A1 e a elite do Pernambucano (vice).
Em participação no programa Tabelinha, no Instagram do Fora de Campo, a jovem do interior do estado mostrou o quanto é humilde. Na entrevista, traçou a sua trajetória e falou das dificuldades que são enfrentadas na carreira, curiosamente marcada por passagens em cinco modalidades: várzea, Fut 7, futsal, futebol de campo e até Beach Soccer.
“Acompanhava o futebol de várzea com os meus pais. Eu, meu irmão e minhas duas irmãs eram levadas aos jogos. Então, a paixão pela várzea é especial. A modalidade fez eu chegar até o Sport. É um futebol raiz né? Mais pegado e raçudo. Isso foi uma contribuição na minha trajetória. Não é à toa que sou volante. O fato também de estar sempre jogando com os meninos, que são mais fortes, ajudou na força física que tenho hoje. Alguns não queriam deixar eu jogar e sempre tinha uma briga. Falavam que não aguentava, mas jogava nos trancos e barrancos.. Meus primos e meu irmão me colocavam dentro da pelada dizendo: ‘ela sabe jogar’. Sempre fui defendida pela família”, relembra.
Pela falta de campeonatos de várzea feminino, Ially chegou a jogar na categoria masculina. “Na várzea, há muitas jogadoras com potencial, então é preciso extrair mais. Já atuei no masculino de várzea pela carência de torneios”, conta.
Entre o futsal e o Fut7, a atleta prefere o Futebol 7 por ser mais parecido com o futebol de campo. Na modalidade há três anos, sagrou-se campeã do Pernambucano 2017 pela NGB/Recife, onde também jogou futebol de areia (2017 e 2018). No ano passado, foi vice da Copa Nordeste pelo Lions, do Recife. Nas quadras, ficou com o vice-campeonato do Recife Bom de Bola em 2019 pelo Garra/Recife. “Fut 7 é mais a minha praia do que a quadra. Me sinto em casa. O tamanho da bola e das barras e o espaço do campo têm mais semelhança com o futebol. Facilita a adaptação para o campo”, compara.
Já no campo, ela ganhou duas das três edições que jogou do Recife Bom de Bola (NGB – 2018 e Garra F.C – 2019, ambos do Recife). Ially se profissionalizou em 2018, quando defendeu o Ipojuca/PE. Na ocasião, disputou o Pernambucano pela primeira vez. “A iniciativa do Bom de Bola na modalidade campo é bacana porque dá visibilidade e agita muito o pessoal”, afirma.
Após ser aprovada na peneira do Sport, a vida de Ially mudou. Na temporada passada, por exemplo, conheceu estados do Brasil e pisou em muitos gramados diferentes. “É uma nova rotina, tanto de treinos como de jogos. Tive experiências em outras cidades e mais visibilidade. Tudo é diferente… Competitividade, concentração, logística. Dá um frio na barriga por conta do peso”, relata.
Fonte: Fora de Campo
0 Comentários